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terça-feira, 22 de maio de 2012

O que você sabe sobre Myanmar? 1a parada: Yangon


Finalmente cheguei à minha última viagem pelo Sudeste Asiático. Dessa vez, eu e o Bart aproveitamos um dos grandes feriados anuais do Camboja e fomos a talvez o país mais remoto, mas ultimamente mais falado da região, Myanmar. Talvez a primeira coisa a se comentar seja um esclarecimento sobre o nome do país: muitas pessoas e países ainda o chamam de Birmânia, ou Burma em inglês, mas desde 1989 o governo alterou seu nome para o atual Myanmar só que essa mudança não foi amplamente reconhecida interna ou internacionalmente por isso confusão com os nomes.

Mapa de Myanmar: Yangon, Bagan
e Inle Lake formam um triângulo
Fonte: Lonely Planet
A história de Myanmar foi conturbada nos últimos 50 anos desde que o país foi invadido pelos japoneses na 2a Guerra Mundial, ficou independente da Inglaterra, passou por um golpe de Estado e foi governado desde então por uma junta militar. Antes um dos países mais ricos do Sudeste Asiático agora está nitidamente dentre os mais pobres. Isso ficou claro quando vimos a infra-estrutura local, a condição das cidades, o estado dos prédios e das moradias.

Muito tem se falado sobre Myanmar na mídia, tanto asiática quanto ocidental, devido às reformas políticas que o atual governo está propondo. Aung San Suu Kyi, nobel da Paz em 1991, tem dominado as manchetes recentemente depois de ter sido libertada em 2010 após 20 anos de prisão domiciliar por protestar contra o regime militar. Também foi eleita agora em 2012 para o parlamento.

Semana passada, sob o pretexto de "premiar" o movimento de redemocratização os EUA suspenderam as barreiras de investimento contra Myanmar. Análises mais amplas porém apontam para um jogo de interesses mais sofisticado: a tentativa dos EUA de barrar o crescimento da influência chinesa sob países do Sudeste Asiático ao mesmo tempo que cria um ambiente de negócios para companhias americanas (notadamente a GE em notícia veiculada no Bangkok Post) e também beneficia o atual governo de Myanmar tornando-o menos propenso à manipulação chinesa.

Toda essa história antes de começar a falar da viagem é pra ilustrar o como foi interessante estarmos vendo com os nosso próprios olhos uma espécie de ex-Coréia do Norte em processo de abertura para o mundo. Ainda é possível viajar pelo país e em alguns lugares ter apenas você de estrangeiro, ou ver pessoas vivendo seu dia-a-dia de uma forma natural e intocada. Obviamente esse contexto atrai viajantes alternativos (éramos um ponto fora da curva) e conhecemos pessoas com histórias bem diferentes da média. Além disso a curiosidade do mundo sem que ainda esteja ocorrendo uma onda de investimentos está inflacionando (e muito!) os preços de tudo na rota turística. Ou seja, Myanmar destoa e não deve ser encarado por viajantes como se fosse apenas mais um elemento a se somar ao trio 'baixo custo' Tailândia, Camboja e Vietnã.

O roteiro

Tínhamos precisamente 6,5 dias pra visitar Myanmar. Isso é muito pouco para um país em que as distâncias entre os principais pontos turísticos é grande e as estradas em geral muito ruins. Pensando nisso elaboramos esse roteiro:

12/05 - Vôo Phnom Penh-Yangon partindo às 18h
13/05 - Vôo doméstico logo cedo partindo para Bagan. Tour em Bagan
14/05 - Tour em Bagan
15/05 - Vôo doméstico logo cedo partindo para Inle Lake. Tour em Inle Lake
16/05 - Tour em Inle Lake
17/05 - Tour em Inle Lake e ônibus para Yangon a tarde
18/05 - Tour em Yangon
19/05 - Tour em Yangon e vôo de volta para Phnom Penh a tarde

Para aqueles que já pesquisaram sobre Myanmar podem notar que está faltando um destino comum, Mandalay. É a 2a maior cidade do país mas consideramos que não era tão relevante para uma estada curta. Fomos confirmar essa opinião depois com pessoas que tinham passado por lá e ficaram muito frustradas com o que (não) viram.

Pra que esse roteiro fosse possível foram essenciais portanto que fizéssemos: um vôo direto entre Phnom Penh e Yangon e vôos domésticos entre algumas localidades. Digo isso porque obviamente seria possível fazer a viagem num orçamento menor via Bangkok ou utilizando ônibus em todos os deslocamentos, mas não nesse tempo.

O vôo ida e volta Phnom Penh-Yangon custou US$ 270/pessoa pela MAI - Myanmar Airways International. O visto pode ser emitido na chegada mas optamos por fazer aqui em Phnom Penh mesmo. Leva 10 dias, custa US$ 30, é necessária uma carta assinada e carimbada pela sua empresa explicando sua função, 2 fotos 3x4 e mais alguns formulários. Os vôos internos foram feitos pela Air Mandalay, muito boa, entre Yangon e Bagan (US$104) e entre Bagan e Inle Lake (US$74).

Não querendo nos gabar mas esse roteiro, pra quem tem uma restrição de tempo, está muito bem desenhado. Em cada lugar tivemos a sensação de que passamos o tempo necessário para cobrir o essencial sem sobrar tempo pra ficar sem ter o que fazer.

Yangon

Primeiras Impressões

Seguindo o raciocínio do nosso roteiro você vai perceber que apenas dormimos em Yangon na chegada e fomos realmente explorar a cidade apenas nos últimos 2 dias. Pra que esse post fique didático eu não vou seguir a ordem do roteiro e vou colocar Yangon primeiro.

Descer do avião em Yangon já é uma experiência porque por 1/2 hora você vai achar que está chegando em Cingapura. O aeroporto vai realmente confundir suas impressões sobre o país. Passado esse pequeno período de 'maravilhamento' até sair do aeroporto a realidade logo te chama.

O 'pick-up' da nossa 'guesthouse' estava nos esperando e logo foi nos levar para o carro dele. Sim, aí soubemos, 'você acabou de chegar em Myanmar'. O estacionamento, de terra, com carros extremamente velhos e caindo aos pedaços. Fomos dentro de uma van com a porta amarrada pra não abrir e janelas que não fechavam.

O caminho do aeroporto até o centro da cidade no entanto revela algumas coisas interessantes. Há muitas grandes avenidas, grandes cruzamentos, e vegetação na cidade. Existem ônibus. Há grandes prédios, embora não muitos, mas mais do que em Phnom Penh por exemplo.

A nossa 'guesthouse' se chamava Myanmar Motherland Inn 2. O quarto duplo mais básico possível (c/ ventilador) e banheiro compartilhado custou US$23/noite - caro pra padrões do Sudeste Asiático. Os funcionários eram extremamente amigáveis, fizeram toda a reserva de vôos para nós, o quarto era bom e limpo, e o café da manhã excelente - aliás, um item que foi sempre mais do que o esperado em todos os lugares que ficamos. Ficamos outra noite lá antes de ir embora.

Quando voltamos a Yangon novamente chegamos às 5h da manhã, mortos. A viagem de ônibus durou 12h e houve várias paradas mas de qualquer forma durou menos do que as 14h esperadas, o ônibus era bom, limpo, e ainda havia travesseiros, garrafas de água, etc. Custou K 18.000/pessoa (1 US$ ~ K 820).

Extremamente importante: os seus dólares devem estar limpos, sem nenhuma marca de dobradura, nenhum arranhão, nada. Devem parecer como novas caso contrário as suas notas serão rejeitadas e isso aconteceu com uma de $100 minha que tinha uma minúscula marca de dobra.

Segundas Impressões

Dentre os elementos que fazem parte do cenário de Yangon estão as calçadas, figura rara nessa parte do mundo e muitas construções em arquitetura inglesa - várias, abandonadas ou em péssimo estado de conservação.


A parte central de Yangon lembra um tabuleiro com longos quarteirões com avenidas de fluxo mais livre e outro lado mais estreito. Esse lado é o que me chamou mais atenção, uma bagunça de carros, pessoas, mercados, letreiros, fios, etc. Tudo.


O transporte público tem uma importância muito maior do que em outras cidades asiáticas. Não há tantas motos nem tantos carros e os ônibus estão sempre muito lotados a maior parte do tempo.

Sule Pagoda

Numa das rotatórias mais importantes de Yangon está localizada Sule Pagoda (US$2/pessoa). Segundo a lenda esse templo foi construído a mais de 2.500 anos, na época de Buda. Para o viajante leigo ao budismo, o templo embora bonito não é tão impressionante. É necessário tirar os sapatos e andar descalço em todo o local. Na entrada irão oferecer a possibilidade de você deixá-los guardados. Não sem interesse, as mulheres que cuidam do lugar serão muito, muito, inconvenientes requisitando uma doação.


Bogyoke Market


Não muito longe da Sule Pagoda está o Bogyoke Market também conhecido por Scott's Market. Se você seguir pela 'avenida' principal vai ser abordado por todos os vendedores possíveis de todas as coisas possíveis. Porém é o jeito pra você não se perder nos labirintos de lojinhas. É possível comprar camisetas, artigos em ouro, prata, jade, rubi e laca.

Em algum lugar - é preciso procurar e não fica em nenhum lugar óbvio - há uma pequena área de alimentação com várias cozinhas familiares. Vale muito a pena experimentar o chicken curry ali - o que mostra a influência indiana na cultura.


Zoo


Fomos parar no zoológico por acidente, estávamos procurando um parque famoso no centro da cidade mas acabamos passando pelo zoológico e resolvemos entrar. Custava apenas K 2.000/pessoa.

Esse seria um daqueles passeios normais se não tivesse uma grande diferença. Esse zoo é o paraíso das crianças e o inferno para os bichos. Macaco indiferente? Elefante com sono? Não ali. Todos os animais queriam interagir e por uma questão básica, era possível comprar e dar comida diretamente a eles. Porém, eu acho que a administração do zoo foi um pouco mais além e decidiu transferir a tarefa de alimentar os bichos para os visitantes. Logo, os animais pareciam desesperados pra conseguir comida com qualquer visitante que eles vissem.



Havia uma disputa entre os elefantes pra ver qual pegava os pedaços de cana-de-açúcar
que podiam ser comprados em uma barraquinha e dados diretamente a eles
Shwedagon Pagoda


Sim, finalmente chegamos até o mítico, central e cinematográfico monumento de Myanmar. A Shwedagon Pagoda é o lugar mais sagrado em todo o país e os mianmarenses devem pelo menos 1 vez na vida visitar esse local. Preza a lenda que foi construída a mais de 2.500 anos também para guardar 8 cabelos do Buda, porém arqueólogos calculam algo entre o 6o e o 10o séculos, o que ainda é bastante impressionante. Custa US$ 5 muito bem pagos para entrar e você deve deixar seus sapatos na entrada ou carregá-los em uma sacola. Entramos pelo portão sul (há outros três - norte, leste e oeste).

Enquanto você sobe a escadaria pra chegar na plataforma não é possível deixar de notar a imponência das estruturas. Uma longa escadaria com muitos pilares e detalhes feitos em madeira.




Logo que você chega à plataforma há uma impressão de ter sido transportado pro passado em que monges e peregrinos passeiam (em sentido horário) ao redor da magnífica Shwedagon Pagoda. Infelizmente eu acho que a foto não capta essa sensação mas realmente deu pra sentir uma atmosfera totalmente diferente.


Esse site oficial contém informações muito boas para entender o design e a estrutura da Shwedagon Pagoda. Há 4 templos cardinais (norte, sul, leste, oeste) e 64 menores fazendo um círculo em volta do templo principal.

Agora, enfim, a estrutura que obviamente não passaria despercebida. Com 99 metros de altura, 21.841 barras de ouro maciço, 5.448 diamantes, 2317 rubis, safiras e outras pedras preciosas, 1.065 sinos de ouro e um diamante de 76-carat no topo.



Tivemos uma experiência muito interessante aqui. Estávamos sentados esperando pelo pôr-do-sol quando um monge chegou perto de nós, perguntou de onde éramos e começou a conversar com a gente. Logo chegou outro monge e depois outros. Seguindo os monges começaram a chegar pessoas (que eram amigos dos monges). Logo estávamos rodeados por uns 10-12 mianmarenses nos perguntando todo tipo de coisa.

Os primeiros monges que vieram falar conosco
Saímos então para caminhar com alguns deles e descobrimos o motivo de tanto auê com a gente. Os professores de inglês recomendam que os alunos vão pelo menos 1 vez por semana em algum ponto turístico de Yangon para encontrar estrangeiros e praticar o inglês. Ficamos próximos de dois deles, recém-formados em engenharia de petróleo e elétrica, que queriam praticar conosco. No final fiquei lendo um livrinho de frases e palavras em inglês e consertando a pronúncia deles.

Teve um aspecto muito interessante. Talvez pelo reflexo de viverem em uma sociedade fechada e não influenciada pelos hábitos consumistas um deles me disse que 'em Myanmar uma pessoa não pode ser julgada pelo que veste ou pelo que tem mas pelo que é'. Isso chamou muito minha atenção e me fez pensar como o país mais 'atrasado' do Sudeste Asiático (ainda) cultiva valores nobres como esse.

Se já era impressionante de dia, a noite a iluminação combinada com o brilho dourado das paredes e o azul escuro do entardecer criam uma atmosfera ainda mais mágica.




Depois desse show de luzes fomos embora em direção ao nosso hotel. Algo impensável em boa parte do mundo andamos uns 6 km a noite com mochilas e minha câmera no pescoço, alguns momentos em ruas extremamente escuras e vazias, até a nossa 'guesthouse'. Eis um outro ponto chamativo de Myanmar: segurança. Não sentimos nenhuma possível ameaça, nem de sermos roubados. É algo diferente. Ainda quando conversávamos com os mianmarenses no templo perguntei a eles sobre se era possível ir a pé até o hotel. Eles estavam sempre muito preocupados com a distância dizendo que era muito longe mas quando perguntei sobre a segurança falaram que não devíamos nos preocupar com nada.

Depois dessa caminhada o jeito foi jantar e tomar uma Dagon Beer, cerveja local com 8% de volume alcoólico. Há outras marcas com teores fortes também, a Mandalay Beer tem 7%.

Kandawgy Lake


Tínhamos ficando devendo uma visita ao Kandawgy Lake localizado no meio de Yangon. No outro dia acordamos cedo, tivemos um ótimo café-da-manhã no hotel, fizemos check-out e fomos a pé pra mais 5-6 km até chegar nesse lago. No caminho uma outra vista da Shwedagon Pagoda.

Vista do lado sul pela Shwedagon Pagoda Road
Custa K 2.000/pessoa para entrar. O parque tem a maior parte dos caminhos para andar como uma plataforma de madeira sobre as águas, uma idéia incomum e muito legal.


Vimos muitos e muitos casais de namorados espalhados pelo parque, praticamente impossível achar um banco vazio pra sentar. Foi engraçado notar que os casais têm mais 'liberdades' em Myanmar do que no Camboja, o que eu esperava que fosse diferente.

Outro atrativo do parque é que ele tem vista para a Shwedagon Pagoda mas nesse dia estava nublado então acho que não criava a melhor oportunidade pra foto. A noite a vista deve ser animal.

lago e Shwedagon Pagoda ao fundo
Outro elemento chamativo é esse restaurante gigantesco feito na forma de um barco tradicional de Myanmar.


Depois buscamos um restaurante na região. Achamos um Food Centre que tinha cardápio inglês mas que ninguém conseguia falar então tudo na base da mímica e apontando as coisas. Tirando o fato que fizeram confusão com o nosso pedido e tentaram cobrar a mais correu tudo bem e a comida era muito boa.

Daqui fomos pegar o táxi pro aeroporto (K 5.000) e finda a nossa aventura por Yangon. Próximo post falarei sobre Bagan, definitivamente um concorrente sério pra Angkor Wat. Mais de 2.000 templos (ou 4.000 se incluídas as ruínas) espalhadas por uma planície árida no coração de Myanmar. Aguardem! :)

Próximo Post: Misteriosa Bagan

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sábado, 12 de maio de 2012

Phearum's Homeland


After many invitations to visit one of our staff's homeland, Phearum, me and Bart (other exchange intern in other company of the same group) decided to spend the last weekend in the Psa Trach village, in Kompong Chhnang provingce, in Cambodia's coountryside and around 50 km from Phnom Penh. It was a very unique experience because we could see with our own eyes the Khmer people daily life who doesn't live in a big city like Phnom Penh.

Since we decided to go, Phearum confimed and reconfirmed our schedule almost on a daily basis besides asking us every time what food we would like to eat, where we would like to sleep, where we would like to go, etc. He was sou anxious about us going there but soon we realized that wasn't just him. His mother had set up everything to prepare me and Bart favourite dishes, Tchá Kadal and Lok Lak, respectively.

On Saturday after work we had lunch and then hit the road. With us, the person who took me on the back of his motorbike, Phearum's friend/cousin Mr. "Sei Lá". It was very funny to say his name because of the meaning in Portuguese ("I don't know/I don't care" informal expression). We took more than 1 hour to ride through the 50 km of asphalted road.

Phearum's House

Phearum's house is located in a somewhat big piece of land with two main constructions, one in where his family lives in and other that was built when he decides go back and live with them - nowadays used as a rice deposit. In front of the house, in the same area, a small market operates everyday for what the sellers pay a rent fee. His family has also a small shop directed to the road and they also sell water from their own well.

We had just arrived when we were asked to go to the backyard. A huge panel of Tchá Kadal. This Khmer dish is made of chicken, beef, liver or, in that case, duck, peanuts, vegetables and lots of chilly. It's incredibly nice! Lok Lak it's a French-Khmer creation in which beef is fried in a fast way so it's still medium raw. It's common to find this dish served with fried eggs, rice, lettuce, cucumbers and lots of onion which remembers me as the most Brazilian style dish in Cambodia.


After that Phearum and "Sei Lá" presented us to their family, father, mother, sister, cousins, etc. Then we started a photograpy session not just because we wanted but because they're asking us to take pictures of and with them.

His nieces caught our attention. They had so sweet smiles, always laughing and walking together. A group of three looking like little "stairs", from the tallest to the shortest one.



"Sei Lá" recently went through a public exam and was admitted to become a tax officer in his homeland, Pailin. Because of that he had just taken his new uniform that he would wear in the next months.

"Sei Lá" wearing uniform, the tallest Khmer I ever met
More people came in and soon the family's newest member. Phearum's little niece came carried by his sister and soon everyone was carrying her arround, including myself and Bart.


Our 2nd lunch thus was served at 3 pm. Everything was there, rice, lots of Tchá Kadal, Lok Lak, fruits and many beers. That's the Khmer way of celebrating. Everybody sit around the food on the floor. Then each one has its own dish of rice and Chinese chopsticks. Then you 'fish' what you want. That lasts for a long time, hours. Our 2nd lunch suddenly became a dinner and lasted until 8-9 pm.


In the West we are used to, especially within family events, have a closed meal with some pre-set number of people. In Cambodia, as far as it's something special going on, any relative/close friend can join. As long as they're walking nearby and you invitem them - what you would do since that's a cultural and reciprocal practice.

Other interesting cultural things were: you cannot wear a cap or hat neither shoes inside the house. Every time you drink you should 'cheers' first - Tchôul Muy. And they have a very famous logic when drinking, any Khmer knows this quote: "Drink, drank, drunk. Drink not drunk, drink for what?".

Phearum's uncle who fought against the Thai during the border conflicts in 2010
It was quite late when other batch of participants, a cop cousin, a sick, with something on her fronthead cousin, and other friend who was taking the picture.


Then suddenly Phearum's mom comes in and brings another beef dish for 'dinner'. We didn't stop to eat for the whole day.

This day had rained a lot and there were lots of bugs. Sine we had no electricity at that time when we went out to piss, in the backyard, we could not forget to take the flashlight. Then a massive cloud a bugs would take you.


After that we spent some time riding around the village to visit some of his relatives and to check if we would sleep in another place but ended up sleeping at Phearum's place. Me and Bart shared a typical bed, no mattress and only a wood made plataform. They slept on the floor with only a thin carpet below.

Tror Leng Keng

In the next day the market opened at 4-5 am. We were awakened with the noise - and the people watching through the door to check who were those two guys - until we finally woke up at 7 am. We had a breakfast and started our tour day.

This region used to be Cambodia's capital during the 19th century. It was also the war frontier with the Thai (Siem). But everything was destroyed and today there's nothing left behind besides pleasant roads with a lot of ancient trees, houses and plantations.


We finally got to the Pagoda (temple) of Tror Leng Keng. In the surroundings there were two constructions for praying, a small lake, many trees and other support buildings to the Buddhist practice and education. The general sensation is that the place was a very seren place and thus left me very sleepy.

The temples had plenty of paintings. Inside and outside, and, curiously with the price in USD of how much that painted had cost. The paintings included Buddhist divinities but especially, Cambodia's history and the conflicts with Siem. One of the paints, Phearum explained us, it's shown that Cambodia during the battles lost its "Caw god", which meant wealthy, progress, etc. And the Caw god was taken to Siem. In fact when Siem ocuppied Angkor Wat and other places of the Khmer Empire (old Cambodia), intelectuals, artists, technology, wealth symbols, etc., were taken. And, since then the Khmer Empire fell into disgrace until becoming a French protectorate.

Temple's ceiling
Another interesting figure at those temples were the 'nuns', called Yeay Chi. I don't understand a lot about Buddhism but their work seemed to be a little different from the monks. They keep taking care of the temple, sweeping and cleaning it. They have to shave their hair and accept donations in exchange for praying.

I was a little bit reluctant to take a picture. My camera is not discrete and normally religious people don't like to be photographed. In that case was different. Phearum told me that she had already pre-authorized us to take pictures. I tried to understand why and according to him it was because if I, a foreigner, take pictures I will end up 'advertising' the place and bringing more visitors. Well, here I am, haha.

Non posing for photo
The two constructions we visited had interesting things and at one of it the altar had plenty of gods statues, Buddhas, etc.

Buddhist temple altar
Udong Mountain

Finished our visit we went to the region's major attraction, Phnom Udong, or commonly known as Udong Mountain. From 1618 to 1866 that was Cambodia's capital in response to Siam's invasion and after that it became Phnom Penh, until today.

There's an interesting legend about this place. In the 18th century, China's emperor sent scouts all over Asia to find any threats to his empire. Getting there the scout saw a mountain in the form of a many heads snake (naga). According to him the Khmer people were already a strong people and in the case the snak appeared in the top of the mountain they would rule the world. The Chinese emperor then didn't want that happen or any war. He then asked a temple to be built in which there was Buddha's face looking to China to protect it. In fact Cambodia and China have always been allies.

Another ritual: when climbing the stairs it's expected that you give donations, alms, etc. And that should be done with small and new money - in general cripy bills of KHR 100 - $2.5 cents of dollar. Phearum then changed a KHR 20,000 bill for lots of these smalls ones paying some comission for that. Foreigners have to pay US$ 1/person to get to this area. The collection is made on the road.

Alms stairs
From far away is possible to see the 'mountain', that is actually a hill. It's only 220 m tall but from there it looks like you're in the only building in an endless plain. You can see everything. The panorama pictures below try to show that.


Looking at the northeast direction
All this light brown land are places in which is usally planted rice. This is the dry season view. If we had come during the rainy season (May-Oct) we would see a huge water mirror but probably no sun.

Looking at the southwest direction
Around the peak there are many constructions that keep sacred Budha statues among other religious aspects. That makes that a lot of monks keep walking around the temple praying and spraying some perfurme.

Monks praying
The hill have some different peaks and in each peak you can find some sacred place, temples, etc. Some were opened now, in 2002, others were built in 1920, 1800, and even 1600.

Looking at Phnom Penh in the horizon
Here we found the temple of Buddha looking to China - but not only China.


Finally at one of the last temples we could see all the others.


After that we came down and had a awesome sugar juice for US$0.30 each and came back to Phearum's house. When we got there a delicious lunch was waiting for us with many fish, rice and fruits as dessert. Then we took a nap.

Before we left however we had some gifts to Phearum's family. I gave them a Brazilian flag and many keychains to the kids and adults. Bart gave them a package of candies.

Phearum's father, me, Phearum, his mother, sister and Bart
And then with another 1-hour trip back to Phnom Penh we finished this 1-weekend adventure in Cambodia's countryside. It was an amazing and unforgetable experience that put us in touch with the local people. We are extremely thankful to Phearum and his family that welcomed us with open arms and treated us in the best way they can.

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Terra natal do Phearum


Depois de muitos convites para visitar a terra natal de um dos nossos funcionários, Phearum, eu e o Bart (outro intercambista em outra empresa do mesmo grupo) decidimos passar o último final-de-semana na vila Psa Trach, província de Kompong Chhnang, no interior do Camboja e cerca de 50 km de Phnom Penh. Foi uma experiência única pois pudemos ver com os nosso próprios olhos a vida do povo Khmer que não vive numa cidade grande como Phnom Penh

Desde que tomamos a decisão de ir, Phearum confirmava e reconfirmava o cronograma quase que diariamente além de sempre nos perguntar que tipo de comida gostaríamos de ter, onde gostaríamos de dormir, o que faríamos enquanto estivéssemos por lá, etc. A ansiedade dele era enorme e logo percebemos que não era apenas dele. A mãe dele já havia acertado tudo pra fazer os pratos preferidos meu e do Bart, Tchá Kadal e Lok Lak, respectivamente.

No sábado depois do trabalho almoçamos e daí seguimos pela estrada. Juntando-se à nós, a pessoa que me levou na garupa da moto era o amigo/primo do Phearum cujo nome se pronuncia como "Sei Lá". Era muito engraçado falar o nome dele sabendo o que significa pra gente no Brasil. Levamos um pouco mais de 1h para percorrer os 50 km de estrada asfaltada.

Casa do Phearum

A casa do Phearum é um terreno relativamente grande com duas construções, uma em que a família dele mora e a outra que foi erguida para ele vir um dia morar ali - atualmente usada como depósito de arroz. Na frente da casa, no mesmo terreno, opera um pequeno mercado em que os vendedores pagam um aluguel pelo espaço. A família dele também tem uma barraquinha virada diretamente para a estrada e eles também comercializam água tirada do próprio poço.

Mal chegamos e nos chamaram pra ver algo no quintal. Uma panela enorme de Tchá Kadal. Esse prato Khmer é feito de pedaços de carne ou frango ou fígado ou, no caso, pato, amendoim, vegetais e muuita pimenta. É muito bom! O Lok Lak é um misto de prato franco-Khmer em que pedaços de carne são fritos de forma rápida deixando a carne mal passada. É comum encontrar esse prato servido com ovo frito, arroz, alface, pepinos e muita cebola o que pra mim faz dele o mais parecido com comida brasileira.


Logo após isso Phearum e "Sei Lá" nos apresentaram pra família, pai, mãe, irmã, primos, etc. Começou daí também uma seção de fotografia não só porque nós começamos a tirar mas porque eles mesmos queriam que nós tirássemos fotos.

As sobrinhas dele nos chamaram a atenção. Sorriam abertamente e sem parar, sempre dando risada e andando as três juntas em "escadinha" da maior pra menor.



O "Sei Lá" recentemente foi admitido num concurso público pra virar fiscal de impostos na sua província natal, Pailin. Por causa disso, ele tinha acabado de ganhar o uniforme que ele passaria a usar nos próximos meses.

"Sei Lá" de uniforme, o mais alto Khmer que eu já conheci
Mais pessoas aparecem e logo vem a integrante mais nova da família. A pequena sobrinha do Phearum vem carregada pela irmã dele e logo todo mundo carrega ela no colo, inclusive eu e o Bart.


O nosso 2o almoço portanto estava na mesa às 3h da tarde. Não faltava nada, arroz, muito Tchá Kadal, muito Lok Lak, frutas e muita cerveja. Esse é o jeito Khmer de comemorar. Todos sentam em uma roda no chão. Daí cada um tem a sua cumbuca de arroz e os seus palitinhos chineses. Você vai então pescando aquilo que você quer. E isso dura horas, horas mesmo. Nosso 2o almoço emendou um jantar e durou até umas 20-21h da noite.


No Ocidente estamos acostumados em geral, principalmente em família, a uma festinha fechada com número certo de pessoas. No Camboja, dado que está ocorrendo algo especial, qualquer parente/amigo próximo pode se juntar. Basta que ele esteja passando por ali e você o convide - o que você faria pois é uma prática cultural e recíproca.

Outros pontos culturais interessantes eram: não se pode usar boné nem sapatos dentro de casa. Toda vez que você for beber é preciso brindar primeiro -Tchôul Muy. E eles têm uma lógica famosas quando estão bebendo, qualquer Khmer conhece essa frase: "Drink, drank, drunk. Drink not drunk, drink for what?"

Tio do Phearum que é do exército e lutou contra os tailandeses nos confrontos em 2010
Já mais a noite, outra leva de participantes, agora um outro primo que é policial, uma prima que tava doente e andava com um adesivo na testa, e um outro amigo que está tirando a foto.


Do nada entra a mãe do Phearum com mais um reforço de carne pra gente 'jantar'. Não paramos de comer nem beber o dia todo.

Nesse dia tinha chovido muito, aí tava cheio de siriri. Como estávamos sem energia elétrica e quando a gente ia urinar era ali no quintal mesmo não podia esquecer de levar a lanterna. Aí não tinha jeito, você era imediatamente envolvido em uma nuvem de insetos.


Depois disso ainda rodamos de moto na vila pra visitar alguns parentes e ainda ver se íamos dormir num outro lugar mas acabamos dormindo na casa do Phearum mesmo. Eu e o Bart dividimos uma cama típica deles, sem colchão apenas um tipo de estrado. Eles dormiram no chão mesmo apenas com um tapete embaixo.

Tror Leng Keng

No outro dia o mercado abriu por volta das 4-5h da madrugada. Aí fomos acordando com o barulho - e com as pessoas espiando pra ver quem éramos nós - até levantar mesmo por volta de 7h. Tomamos café da manhã e começamos o dia de passeios.

Essa era uma região que chegou a ser a capital do Camboja no século 19. Também foi a fronteira das guerras com os tailandeses. Porém tudo foi destruído e hoje não resta muita coisa além de pequenas estradas arborizadas, casas e plantações.


Então chegamos à Pagoda (templo) de Tror Leng Keng. No entorno desse lugar com duas construções para orações há um pequeno lago, muitas árvores e outros prédios de apoio à prática e educação budista. A sensação geral era de um lugar muito tranqüilo, me deu bastante sono.

Os templos eram repletos de pinturas. Dentro e fora, e, curiosamente com o preço em dólares de quanto custou a obra no canto de cada imagem. Imagens includem divindades budistas mas principalmente, me chamou atenção, a história do Camboja e dos conflitos com a Tailândia (Sião). Num dos quadros, Pheraum me explicou, é mostrado que o Camboja durante as batalhas perdeu o seu "deus Vaca", que representava riqueza, progresso, etc. E o deus Vaca foi levado para o Sião. Fato é que quando o Sião ocupou Angkor Wat e outros lugares do Império Khmer (antigo Camboja), intelectuais, artistas, tecnologia, símbolos de riqueza, etc., foram saqueados. E, desde então o Império Khmer entrou em decadência até virar protetorado da França.

Teto do templo
Uma outra figura interessante nesses templos são as 'monjas', chamadas Yeay Chi. Não entendo muito de budismo mas a atuação delas parece ser um pouco diferente dos monges. Elas ficam cuidando do templo, limpando e varrendo-o. Devem ter o cabelo raspado tanto quanto eles e aceitam doações em troca de orações.

Eu estava um pouco relutante em tirar a foto. Minha máquina não é discreta e normalmente pessoas envolvidas com religião não gostam de ser fotografadas. Nesse caso foi diferente. O Phearum me disse que ela já havia pré-autorizado eu a tirar fotos. Tentei entender o porquê e segundo ele era porque quando eu, estrangeiro, tiro fotos acabo divulgando o lugar e trazendo mais visitantes. Pois aqui estou, haha.

Monja posando pra foto
As duas construções que visitamos tinham coisas interessantes e em uma delas o altar era repleto de imagens, budas, etc.

Altar to templo budista
Udong Mountain

Terminada essa nossa visita fomos em direção à atração principal da região, a Phnom Udong, ou comumente conhecida como Udong Mountain. De 1618 até 1866 essa foi a capital do Camboja em resposta à invasão pelo Sião e após isso passou a ser Phnom Penh, permanecendo até hoje.

Há uma lenda interessante sobre esse lugar. No século 18, o imperador da China enviou emissários ao redor da Ásia de forma a descobrir possíveis ameaças ao seu império. Chegando ali, o emissário viu uma montanha em forma de uma cobra com várias cabeças (naga). Segundo ele o povo Khmer já era um povo forte e caso a cobra aparecesse em cima da montanha eles teriam o poder para dominar o mundo. O então imperador chinês não queria que isso acontecesse e nem uma guerra. Pediu então para que fosse construído um templo em que houvesse o rosto de Buda olhando para a China para que pudesse protegê-la. Fato é que o Camboja e a China sempre foram aliados desde sempre na realidade.

Outro ritual: ao subir as escadas é necessário dar esmolas, doações, etc. E isso deve ser feito com dinheiro pequeno e novo - em geral notas limpas de KHR 100 = $ 2.5 centavos de dólar.  Phearum então trocou uma nota de KHR 20.000 por um calhamaço dessas menores obviamente pagando uma comissão. Estrangeiros devem pagar US$1/pessoa para poder chegar nessa área. A cobrança é feita na estrada.

Escadaria da esmola
De longe é possível ver a 'montanha', que seria na verdade uma colina. São apenas 220 m de altura e lá de cima parece que você está no único prédio em uma planície sem fim. É possível ver tudo. As fotos panorâmicas abaixo tentam mostrar isso.


Olhando pro lado nordeste
Toda essa área marrom claro, são lugares onde é normalmente plantado arroz. Essa vista é da estação seca. Se tivéssemos vindo durante as chuvas (Mai-Out) teríamos visto um enorme espelho d'água mas provavelmente sem sol.

Olhando pro lado sudoeste
Ao redor do topo há uma série de construções que guardam estátuas sagradas de Buda entre outros aspectos religiosos. Isso faz com que haja uma quantidade enorme de monges circulando o tempo todo rezando e espirrando um tipo de perfume.

Monges rezando

O morro tem alguns diferentes 'picos', e em cada pico você pode encontrar outro lugar sagrado. templos, etc. Alguns foram inaugurados agora, em 2002, outros são de 1920, 1800, e até de 1600.

Olhando para Phnom Penh ao fudno
Aqui encontramos o templo que tem o rosto do Buda olhando pra China - não apenas a China.


Finalmente, num dos últimos picos pudemos ver o perfil de todos os templos.


Após isso nós descemos, tomamos uma ótima garapa por US$ 0.30 cada e voltamos pra casa do Phearum. Chegando lá tivemos um ótimo almoço, com muito peixe, arroz e frutas de sobremesa. Depois disso tivemos direto a um cochilo.

Antes que fôssemos embora porém tínhamos alguns presentes pra família do Phearum. Eu dei uma bandeira do Brasil e vários chaveirinhos pras crianças e pros adultos também. O Bart deu um pacote de doces.

Pai do Phearum, eu, Phearum, sua mãe, irmã e Bart
E assim, com mais outra viagem de 1h até Phnom Penh terminou essa nossa aventura de 1 final-de-semana pelo interior do Camboja. Foi uma experiência inesquecível e nos deixou em contato muito mais próximo com a realidade do povo local. Agradecemos imensamente ao Phearum e a sua família que nos receberam de braços abertos e nos trataram da melhor forma que eles podiam.

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